Um ano sem jogar com o Corinthians. Sim, culpa deles que tiveram um ano de ostracismo da elite do futebol brasileiro. Mesmo assim, a saudade era imensa.
Tentamos uma caravana da Embaixada. A massa dos inicialmente interessados acabou não se confirmando. Mas cinco não queriam desistir. Thomas, Thiago, Andréa, Rodrigo (Fernandes) e eu, na falta de transporte, combinamos coordenadas entre nós e alugamos um carro (que acabou se provando uma excelente opção; mais detalhes lá embaixo, no pós-escrito).
Dos cinco, muitos não se conheciam entre si. Tinham em comum a direção. O Morumbi era o norte magnético para onde os corações apontavam. E assim fomos.
No caminho não faltaram polêmicas, histórias e lembranças para movimentar a prosa. Conduzidos pelo volante de Thomas, cinco horas de estrada passaram quase sem perceber.
Já em São Paulo, ficamos em dúvida de como chegar ao estádio, mas algo nos guiou. Com algumas horas de antecedência estávamos lá, no gigante de concreto que tanto nos encanta, que tanto nos orgulha chamar de nosso.
(Parêntese: contei recentemente no nosso fórum no Orkut que foi o Morumbi que me tornou são-paulino. Filho de pais naturais do RJ, lá pros idos de 87, morei um ano em Sampa. O Cícero Pompeu de Toledo era parte do caminho para a escola. Seu aspecto monumental impressionava muito meus olhos infantis. Deixou marcas profundas na minha memória, ao ponto de ser a coisa que eu mais lembro daquele ano que morei em SP. Digo isso sem uma gota de exagero. Minha casa? Não lembro. Os amigos com quem passava as tardes brincando? Não lembro. A escola? Não lembro. O Morumbi? Rememoro em detalhes).
A antecedência me permitiu encontrar um bom amigo e aceitar o convite para conhecer a sede social. Tudo muitíssimo bem cuidado! Quase perdi a hora olhando para as crianças brincando nos parques tomados pelo preto, branco e o vermelho.
Já um pouco atrasado, deixei o lirismo de lado e subi correndo as rampas. Afinal é dia de clássico! De jogar com vontade extraordinária. De disputar todos os palmos de gramado. De dar a canela pra bater.
O time em campo me surpreendeu. O primeiro jogador que vi tocar na bola foi André Lima. Ainda precisou de uns toque mais para me irritar (e ao estádio inteiro). “Ah! Mas vai ser bom ganhar deles com mistão mesmo”. Renato Silva segue me deixando excelente impressão. Em Arouca vejo o homem do meio de campo no segundo semestre. Dos alas, esperava maior agressividade. A Jean daria o título de homem do jogo.
Já conhecia o destempero de Túlio que acabou por nos deixar em vantagem numérica. Da torcida corintiana, sempre estranho a opção pelo preto. O contraste com o nosso branco predominante me suscita um maniqueísmo digno de George Lucas, mas evito perseguir o pensamento. Me concentro na curiosa sensação de vê-los em um canto do estádio. Animação tinham, mas não os ouvia.
É que eu estava em meio a um grupo de torcedores, famosos pelo barulho que extraem de poucas vozes, e que costuma ocupar o trecho destro da Arquibancada Azul. Minha admiração pelos caras é imensa! São poucos, mas mesmo quando cercados por uma nervosa quietude dos demais torcedores do setor eles não se deixam levar.
Cantam o jogo inteiro! Não, não é de força de expressão. Os gritos, sempre de apoio ao time e sem nenhuma menção a violência, transmitem melodia e garra ao time em todos os 5.400 segundos de uma partida de futebol. É de se admirar! Faço questão de acompanhar os caras, de bater palmas até a pele rachar, de ir até o limite da voz, só pra celebrar meu amor pelo Tricolor. O que eles fazem não é torcer, é um ritual de entrega. Estão certos. Sabem que torcem pelo que mais alegria dá e querem retribuir.
No intervalo, fui abordado por algumas pessoas. Impressionante como nosso trabalho da Embaixada-RJ é reconhecido! Primeiro um rapaz se aproximou para dizer que nossa ajuda havia sido fundamental para que ele conseguisse assistir um jogo aqui no RJ. Boa é a sensação de que o nosso trabalho faz diferença para pessoas reais, com desejos reais de ver o Tricolor.
Mas melhor foi uma moça, que, muito gentil, se aproximou pra falar:
- É Rodrigo, né? Eu estou aqui por sua causa.
- Como assim? – perguntei desconsertado... afinal, o Morumbi não é muito a jurisdição do meu trabalho.
- É que antes eu não ligava para os jogos. Depois de uma temporada no Rio e ver a festa toda que vocês fazem, ver como torcer mexe tanto com as pessoas, daí é que passei a gostar mais e vir nos jogos.
Estava 0 x 0. Mas, depois de saber que a Embaixada não só ajuda os que são apaixonados e estão meio perdidos por aqui como também instila paixão onde ela não existia, meu dia já estava ganho.
Segundo tempo. Hernanes, Dagoberto, Borges. Gol pra cá. Hora de ver o estádio enlouquecido, camisas girando, na sintonia de um sentimento único: o de que a ordem estava reestabelecida. Sim, nosso freguês voltou! A música era o sentimento e o sentimento era a música. É verdade, durou pouco, pois logo teve o gol deles, mas a sensação de que as coisas haviam maravilhosamente voltado ao seu lugar pareceu durar toda uma vida.
Ao final, o empate pareceu justo. O desagravo maior era ouvir a torcida do Corinthians cantar como se alegre estivesse “A violência voltoooou!”. Já achei de imediato a paródia de péssimo gosto. Ao saber de toda a confusão que ocorreria minutos depois no lado deles, achei ainda mais.
Hora de voltar. Muita chuva e a conversa foi pouca. É que o cansaço da viagem e a pouca voz não permitiam mais. Sono justo no caminho.
Obrigado, Thomas, Rodrigo, Thiago e Andréa. Foi um domingo pra ficar na memória.
Abraços atodos,
Rodrigo Marques
Embaixador do São Paulo F.C. no Rio de Janeiro
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PÓS-ESCRITO: Como fomos ao Morumbi alugando um carro
Tínhamos 5 pessoas para dividir o trabalho e as despesas. Resumindo, gastamos cerca de R$ 80,00/pessoa com transporte. Além disso, houve gastos com alimentação (variável por indivíduo) e com o ingresso (que varia de preço de jogo para jogo).
O ideal é que se tenha mais de um capaz de guiar o carro durante a viagem. Em relação a experiência de caravanas, estar de carro e com um número não muito grande de pessoas dá uma boa flexibilidade de combinar horários e definir trajetos.
Nas agências de locação de carro (Localiza, Avis, Hertz, etc), um 1.0 simples, com kilometragem liberada e seguro, tem diárias entre 100,00 e 150,00. O procedimento da locação é simples. Basta um motorista, com sua habilitação e um cartão de crédito com um limite mínimo determinado pela agência de locação.
Para gastar menos, tente pegar um modelo “Flex”. Usamos álcool e economizamos. Gastamos um total de R$ 150,00 de combustível para ir, voltar, e devolver o carro na agência com o tanque cheio.
No caminho, gasta-se cerca de R$ 70,00 com pedágios (mas, pelo menos, a estrada é boa).
Paramos o carro no shopping Butantã (ali próximo) e custou R$ 30,00.
Como escrevi acima, outras despesas que fizemos foram com alimentação e os ingressos.
No caso do ingresso, eu não usei esse esquema, mas o setor VISA mostrou-se uma boa opção. Thomas e Thiago aprovaram. Compra-se pelo site, mas não precisa esperar vir o bilhete até sua casa (como era no caso do Ingresso Fácil). Simplesmente passa-se o cartão na catraca e o sistema reconhece sua compra. Facilita muito para quem vem de longe.
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2 comentários:
É isso aí, Rodrigão!! Realmente foi excelente aquele domingo. Não vencemos, tá certo, porém a sensação de dever cumprido foi maravilhosa. Incentivamos o nosso tricolor, cantamos contra aqueles vermes e fizemos ótimas amizades. Um abraço a todos e fica aqui, mais um incentivo, para todas as nossas caravanas.
Foi Espetacular nao ver corintianos na cidade e tampouco nas redondezas do Estadio.
Não tem preço ver a galinhada espremida e o Estadio inteiro cantando NOSSO FREGUES VOLTOOOOOOOOOOOUUUUUUUUUUUUUUUUU,
Gravei a comemoração do Gol do Tricolor e tb toda a Naçao TRICOLOR ECOANDO: NOSSO FREGUES VOLTOOOOOOOOUUUUUUUUUUUUUUUUUU
Espetacular!!!!!!!!!!!
So da pra ter ideia vendo o video, mas estando presente no momento é indescritivel.
Positive Vibrations
RUMO AO TETRA DA LIBERTADORES E AO TETRA DO MUNDIAL!!!!
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