Olá São-Paulinos,
Antes desse último email (transposto aqui em postagem de blog), gostaria de agradecer aos Tricolores que responderam aos outros quatro anteriores. Vejo que já aparecem candidatos a dar uma força aqui, outra acolá e a esperança de que o Projeto persista se renova.
Nesses e-mails falamos muito da demanda por trabalho. Hoje quero falar dos motivos pra se dedicar a algo como os São-Paulinos no Rio de Janeiro. Falo aqui de um ponto de vista muito particular. Escrevo sobre os incentivos que eu encontrei e que me motivaram. De modo que o Pedro poderia escrever um email desse, o João Paulo outro, o Paulinho outro e assim por diante...
Como vejo o trabalho é basicamente o de lidar com pessoas. E fazê-lo tendo como pano de fundo algo com o qual elas tem um laço emocional profundo: o São Paulo FC, o nosso Tricolor. Nunca me pareceu pouco.
Os São Paulinos no Rio “expandem sua rede”. No entanto, quem faz a coisa acontecer vive isso de uma forma mais concreta: empresta sua cara de pau para abordar alguém que passa e/ou conversa com um total desconhecido sobre o Tricolor e assuntos correlatos. Não posso imaginar oportunidade melhor pra se aprimorar na interação com outros seres humanos. Isso parece só uma frase. Mas é muito na vida. Porque quase tudo na vida passa por lidar com pessoas. Hoje eu me expresso melhor. Me posiciono com mais facilidade. Escrevo melhor. Sinto claramente a diferença da minha desenvoltura hoje em comparação com a timidez de outrora.
Conhecer pessoas nesse contexto envolve muito mais do que isso. Não tem outro jeito: numa função dessas você tem que lidar com a diferença. O cara de outra geração, o rico como você nem sabia que existia, o tipo mais bronco, o brincalhão, o de origem muito humilde, a criança cheia de vigor, o mais chatonildo, o que vê o futebol por uma perspectiva totalmente distinta da sua. E você aprende coisas sobre o mundo e sobre si ao lidar com essa diversidade. Informações e modos de ver a vida que não me chegariam de outro modo chegam pelas conversas ou pelas ligações com essas pessoas em redes sociais. É bastante enriquecedor. Em vários sentidos.
Posso relatar também um efeito de networking. Mesmo sem "cavar" algo assim acaba sendo natural que você ganhe contatos que podem influenciar sua vida de trabalho. Comigo aconteceu. Certa vez passei um "perrengue". Comentei num encontro de são-paulinos e...tcharã! Um dos presentes achou que valia me indicar pra empresa de uma amiga e rapidinho ganhei um emprego. À época me foi absolutamente fundamental (valeu André Sanches! Você tem nome de vilão mas é meu herói!).
Ah, sim. Um outro resultado dessa aventura existencial é que fiz dezenas de amigos por conta do Tricolor. Grandes amizades pra levar vida afora. Eu agradeço ao Tricolor do Morumbi por cada uma delas.
E, além disso, promovi sem querer amizades de outros. Tenho a satisfação de ver que o trabalho que fazemos criou um contexto onde outras pessoas se encontraram. Alguns para amizade e um ou outro pra formar casais são-paulinos. É um "plus" que me alegra quando percebo.
Agora... o principal mesmo é ver a são-paulinidade ali, viva e explodindo com um gol. Claro que os organizadores vibram com o gol em si. Temos o sangue Tricolor, oras! Mas não é só isso. Quando você organiza um evento você "coloca mais realidade na realidade" (pra relembrar a frase de um velho professor). Gera uma situação que talvez não existisse sem a sua intervenção. E é gratificante parar ali por um instante pra observar os torcedores como que unidos, hermanados, e degustar a alegria instalada em dezenas ou centenas de faces. Essa é uma recompensa que sempre me motivou demais!
Acontece também de repassar informações sobre o jogo no estádio e perceber que aquilo foi decisivo pra encorajar as pessoas a ver o Tri Mundial ao vivo. Já me aconteceu de ouvir agradecimentos de pessoas que nunca tinham entrado em um estádio. É formidável ver alguém encarando o gramado pela primeira vez e saber que você tem a ver com aquilo.
Aliás isso é outra coisa legal. Ao exercer um trabalho voluntário há várias dificuldades. Mas uma coisa que nunca falta é a gratidão. Ao menos não do nosso público. As palavras agradecidas dos torcedores que acompanham seu esforço são uma motivação enorme pra seguir fazendo. Há sempre um ou outro "reclamão", mas na média lidei com pessoas gratas e extremamente simpáticas esses anos todos. Torcedores que vinham falar comigo trazendo pro meu dia um astral muito bom! Acho que isso acontece com o Pedro, com o Ernani, com o Paulinho e outros tantos também.
Putz... me dei conta que falei de estádio e já ia esquecendo... e levar alguém ao Morumbi pela primeira vez, hein? Vocês não tem idéia! É como realizar o sonho de uma criança! Gostoso que só.
Porque tem disso... você se vê organizando caravana, fazendo sorteio, falando com PMs, vendo detalhes de decoração, tirando foto, escrevendo comunicado, lidando com releases... Fiz muita coisa que nunca me imaginei fazendo. E quando você está no meio de tarefas inusitadas fica um clima de "se vira nos 30". Você acaba aprendendo sobre coisas que não aprenderia de outro jeito. Das minhas habilidades com excel à pintura de tecido, passando por negociação com comerciantes, eu ganhei várias aptidões que não tinha anos atrás.
Claro. Além do trabalho que dá, nem tudo são flores. Não deve ser difícil a vocês imaginar que quando há pessoas discutindo apaixonadamente sobre algo faíscas podem surgir. Quero dizer, às vezes faíscas e às vezes conflitos mesmo. Gente se xingando em fórum, gente pleiteando coisas que outros não concordam e outros tipos de desacordo. Acaba que você fica envolvido. O que parece só um problema se torna uma oportunidade pra aprimorar o jogo de cintura e fazer a mediação dos conflitos. Você cresce como pessoa lidando com o problema dos outros.
Já perto do fim do email, lembro de voltar a citar o pessoal que sempre fez tudo junto comigo. Imagina só uma galera dessa tentando falar a mesma língua: o Rodrigo-sociólogo, o Pedro-engenheiro, o João Paulo-profissional-de-RI, o Daniel-profissional-de-TI, o Junior-da-área-da-saúde, a Angélica-guitarrista, a Gabi-jornalista... É um desafio pra se entrosar, se integrar e encontrar consensos. Das recompensas todas tenho que sublinhar essa aqui: eu aprendi muito a trabalhar em equipe por conta dos São-Paulinos no Rio. Muito.
E termino falando do meu sentimento como torcedor. Depois disso tudo, desses anos todos nessa "batalha" eu me sinto um são-paulino melhor. Fiquei mais conhecedor das coisas do São Paulo. Fui capaz de fazer algo em prol da instituição que tantas alegrias me deu. E tomei uma dimensão mais clara da grandeza do que é o São Paulo Futebol Clube. Como pode um negócio mexer com tanta gente, gente tão diferente, espalhada em tantos pontos do país? É mesmo incrível. O São Paulo é um colosso.
E esse colosso precisa de alguém pra ocupar o meu espaço.
Não tem 1 real pro(s) que se aventurar(em). Nunca vi muito espaço pra retorno financeiro (e posso explicar aos interessados o porquê). Mas pra quem acha que a vida é mais do que dinheiro, dei meu testemunho do tanto que se tem a ganhar. Eu fui muito feliz e cresci demais por conta da minha contribuição nos São-Paulinos no Rio de Janeiro. De verdade.
E, falando em felicidade, aproveito o clima de happy end e fecho essa saga de emails.
Nos vemos na Pré-Libertadores. Enviarei o convite pro encontro. E lá estarei em uma mesa separada aguardando os interessados em ajudar. Quem vem?
Abraços a todos,
Rodrigo.
6 comentários:
Rapaz, gostei muito do email.
Belas lembranças me vieram com a leitura e a saudade de todos bateu uma força que não posso descrever. Os São-Paulinos no Rio foi fundamental para que minha estadia no Rio desse uma volta de 180º. Dia fantástico aquele em que sai do Fundão no final da tarde e me encaminhei para o Amarelinho na Cinelândia para ver aquele jogo do São Paulo pela Libertadores e ver pela primeira vez o Rodrigo. Choro só de lembrar!
Tantas dificuldades que a vida me apresentou foram vencidas com as amizades que o grupo me presenteou, com as próprias dificuldades e alegrias que esse grupo e clube me deram.
Lutar por um lugar fixo para ver jogos, buscar um ambiente interessante para vermos as finais de campeonato, montar toda uma estrutura que possibilitasse 400, 500 são-paulinos de gritar "É CAMPEÃO!!!" são coisas que não tem retorno financeiro realmente, mas nos tornam uma pessoa que olha para traz depois desses anos e tem um orgulho imenso de dizer "Eu estava lá".
É dificil acompanhar isso tudo com esses 420 km de distância, sempre que vejo um jogo do São Paulo, lembro de tantas situações que muitas vezes me vejo não acompanhando mais o jogo, mas imaginando o que estaria acontecendo no MudBug (mais conhecido como MorumBug), Belisket´s ou no Guimo... Os comentários durante o jogo, gritos da torcida ecoando pelo bar, a comemoração de um gol! Muitas vezes eu cheguei a dizer e era verdade "o Morumbi está aqui, não preciso mais ir até São Paulo!".
A continuidade desse movimento é algo que precisa acontecer. Essa alegria não pode acabar. Quero que alguém sinta o que senti tantas vezes e torne possível para outros terem os sentimentos, experiencias e alegrias que eu proporcionem a outros alguma vez!
Os São-Paulinos no Rio estarão sempre no meu coração e a distância não será capaz de fazer esse sentimento de gratidão que eu tenho com todos sumir.
Obrigado por estarem lá!
Abraços e beijos respectivamente.
Pedro
http://gplus.to/dalbo1201
Gente,
Adorei os e-mails!
Achei o email do Pedro lindo, emocionante. É realmente um sentimento de pertencimento, de estar num grupo que compartilha um amor tão grande. Coisa que não acontece aqui em SP. Por mais que aqui tenhamos o Morumbi, a "nossa" casa... Não é o mesmo sentimento. Porque lá estão todos "sozinhos", cada um no seu núcleo familiar ou nos seus amigos em particular.
Os são paulinos no Rio criam uma sensação de serem todos um, nunca sozinhos - estão com os outros São Paulinos no Rio, coisa que somente quem torce por um time de fora do estado onde mora pode entender. Acho que você passou isso muito bem, Rodrigo. E o Pedro, enfim... Nem se fala. Falou com emoção e foi muito legal o seu email! Eu voto por ser publicado como depoimento! ;)
Sobre coisas práticas: achei que você passou bem a noção do que é o grupo, das tarefas, dos bônus e dos ônus.
Eu mesma me lembro de um dia estar em Ipanema e parar um moço com a camisa do São Paulo para falar do grupo! hahaha Exige, SIM, cara de pau. Lembro do Pedro contanto que voltava de SP no ônibus da 1001 quando convidou o André... Me lembro que fui convidada pela primeira vez para a comunidade do Orkut pelo Fabiano, pois uma colega de faculdade era amiga dele e falou de mim para ele... E ele foi lá e me adicionou. E eu entrei, e depois saí e depois entrei de novo. E fora as pessoas dos estádios e tudo mais.
Me lembro que eu, Rodrigo e Thomas fomos rodar alguns lugares para saber se poderíamos fazer o jogo lá na final do brasileiro de 2008.
Mas voltando... Essa transição exige um processo, me parece. Não é trabalho fácil esse que foi feito, inclusive coisas não ditas nos e-mails (e que eu realmente acho que não devem ser ditas neste momento) como as regras e controles exercidas no grupo, isto é, nos encontros, e nas comunidades online. Essa mediação dos torcedores é complicada, e por mais que seja coisa rara, quando acontece um conflito exige bastante jogo de cintura. Há desencontros de ideologias, de crenças, de posturas de vida. E o fato de termos tido como embaixador uma pessoa bastante flexível com certeza foi fundamental para a boa organização do grupo!
Admiro muito o trabalho que foi feito até hoje, e espero que ele tenha continuidade de uma forma diferente, mas tão apaixonante quanto esta! :)
Parabéns, Rodrigo, pelo projeto; por ter concretizado o seu sonho e ter oferecido a nós sonharmos junto. Parabéns a todos os outros pela participação, ajuda, contribuição e amizade.
Que venha um novo ano, um novo grupo, uma nova proposta e se mantenha o mesmo sonho!
Beijo grande,
Ana
Ê laiá... começar o ano novo relembrando tudo o que passei com vocês e fiz pelo grupo, foi MUITO bom! Trouxe aquele ar de que a vida é realmente bela e que a gente não precisa de dinheiro para se sentir feliz, como o próprio Rodrigo fez um comentário em seu texto. Eu não sei nem colocar em palavras a alegria que senti ao ter levado a minha avó (!) para o Maracanã, toda vestida a rigor, e vê-la torcendo muito ao meu lado. E divulgando o São-Paulinos no RJ!!!
Eu adorei tudo o que foi escrito e também me emocionei, tanto com as palavras do Rodrigones quanto as do Pedrão. Vou dar um pescotapa depois em vocês por isso.
Se estivéssemos no Twitter, eu poderia dar um Retweet nesse e-mail da Ana, hahahaha. Ela falou por mim ao citar as impressões sobre coisas práticas e sobre o que o grupo significa para ela.
Eu gostaria MUITO de poder responder com mais atenção e enviar meu depoimento agora, mas, infelizmente, os longos textos e as longas listas musicais me chamam.
Aproveito para desejar um 2013 maravilhindo para cada um de vocês e espero que a gente se reencontre o quanto antes!
Abreijos,
Angélica-guitarrista
Vou acompanhar o BLog e o twitter. Trabalho no Rio e moro em Niteroi desde o Carnaval de 2013. Valeu
Meus caros amigos saopaulinos!
Faz tempo que procuro um reduto tricolor (paulista) para assistir os jogos do nosso maior do mundo.
Onde irão assistir ao jogo contra o atlético amanhã?
http://fuxiconatv.com.br/2013/08/25/assistir-online-jogos-de-futebol-deste-domingo-25082013/
Postar um comentário