Libertadores contagia o são-paulino!

Dia de Libertadores é diferente. É um dia a espera de uma noite de intensidade. E assim foi.

De tarde, faltando algumas horas para o jogo, parecia que uma gripe ia me contagiar. Sintomas clássicos e muito cansaço. Tanto que fui direto dos meus compromissos para o bar da Embaixada, sem passar em casa e pegar o manto Tricolor.
Entra o Defensor em campo, e a cor da camisa deles era parecida com a minha. Que horrível! Sabia ali que se houvesse uma derrota a culpa seria minha.

(Parêntese: é impressionante o grau de envolvimento de todo o torcedor. Ele se sente participando mesmo da partida. Quem é que já não atribuiu uma derrota a um talismã que deixou de carregar justo naquele dia? Quem não acha que ganhou um campeonato porque estava usando a "camisa da sorte"? O torcedor apaixonado sente que o resultado se deve a ele! Você pode explicar racionalmente que há outros milhões assistindo a partida, cada um com seu talismã, e que se esses itens mágicos ganhassem jogo campeonato baiano terminava empatado, mas não adianta. Eu por exemplo já ganhei a Libertadores de 2005 com minha "camisa da sorte" e já perdi a Copa de 1998 por batucar em um balde azul! Nem tentem discutir... foi tudo por minha causa hahahaha).

Eis que aparece outro personagem para reclamar uma possível culpa . Talvez o maior personagem que já vestiu o nosso preto, branco e vermelho. Rogério se atrapalha com a bola e coloca para dentro. 1 x 0 Defensor. 

Torcida quieta. Na Embaixada e no Morumbi. Sentia a gripe se instalando.

Daí tudo muda. O segundo tempo é o nosso time: intenso, marcando em cima, e sentindo o clima que só a Libertadores tem!

A entrada de Dagoberto dá explosão para a equipe. Não ouvi nem li muito comentário, mas notaram que ele jogou caindo pelo lado direito, oposto ao que ele costuma jogar? Bom saber que ele pode atazanar a defesa adversária por ali também.

De tanto pressionar, achamos Borges pela primeira vez. "Ele não perdoa", diria Rogério Ceni nas entrevistas após o jogo. É bola no filó.

A gripe que parecia vir foi-se completamente ao ver a emoção de um Morumbi com 50 mil pagantes e uma Embaixada perto da contagem centenária. Da minha camisa azarenta eu nem lembrava mais, porque era como se eu estivesse sem ela, como se tivesse tirado para girar em estádio cheio, para fazer a festa pelo meu São Paulo.

Começava a festa são-paulina de feriado. Todo mundo na Embaixada, em coro, cantando os nossos cantos, de peito estufado, porque isso aqui é São Paulo na Libertadores!

Minutos depois, eu mesmo já tinha desistido de acompanhar a jogada e fui fazer um pedido ao garçom. Mas Borges tinha acreditado, e aproveitou a falha da defesa uruguaia para dar uma virada fantástica, própria de um artilheiro nato, e marcar seu quinto na Libertadores (já é o artilheiro!), e segundo do São Paulo no jogo.

Ufa! Classificados. Melhor início de campanha desde 1974. Com excelentes chances de nos classificarmos bem e assegurarmos a vantagem de decidir as fases de mata-mata em casa (quem sabe não foi isso que faltou nos últimos anos?). Esse ano promete!

Que gripe que nada! Libertadores é que contagia o são-paulino!

Que venha o Corinthians! 

(pelo regional, evidentemente)

Saudações Tricolores,

Rodrigo Marques

Embaixador do São Paulo F.C. no Rio de Janeiro.

ps. post em homenagem ao meu amigo Lino, que apesar de cruzeirense (morador de BH e nascido em Aracaju), foi ontem até a Embaixada São-Paulina RJ espantar a tristeza pela goleada sofrida pelo time azul celeste na noite anterior e ver o São Paulo mostrar como se faz em Libertadores.